Ricardo Brennand morre de Covid-19 aos 92 anos, no Recife

O empresário e engenheiro pernambucano Ricardo Brennand morreu aos 92 anos na madrugada deste sábado (25) no Recife. Ele testou positivo para a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Real Hospital Português, no bairro do Paissandu, na área central da cidade, desde domingo (19).

Colecionador e incentivador das artes, Ricardo Brennand deixou esposa e oito filhos, além de 23 netos, 48 bisnetos e uma tataraneta. O corpo dele será cremado, segundo a família.

Ele era primo do ceramista e artista plástico Francisco Brennand, que morreu aos 92 anos, no Recife, no mesmo hospital, no dia 19 de dezembro de 2019, devido a uma infecção respiratória.

Perfil
Nascido no município do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, Ricardo Brennand criou grandes indústrias: de aço, cimento, vidro e açúcar. Ele criou um instituto cultural reconhecido mundialmente nas terras do antigo Engenho São João, no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife.

Em uma área de 180 mil metros quadrados recortados por jardins, lagos, obras de arte e um castelo medieval, o complexo cultural reúne um acervo da história e da arte que fica de legado para as futuras gerações. A inauguração, ocorrida há 18 anos, contou com a presença do príncipe herdeiro da Dinamarca, Frederick Terceiro.

O castelo também recebeu a visita da Rainha Beatrix, da Holanda, acompanhada do filho William Alexander e da noiva máxima, que se tornariam rei e rainha dos Países Baixos. Na ocasião, foi inaugurada a maior coleção particular de quadros de Frans Post no mundo, composta de 15 pinturas. O pintor, da comitiva de Maurício de Nassau, transferiu para as telas as primeiras paisagens do Brasil do Século XVII. O instituto reúne o maior acervo do período da ocupação holandesa no país.

Ricardo Brennand também era conhecido por ser um colecionador obstinado. O castelo foi construído pra abrigar a coleção de mais de 5 mil armas brancas de todos os continentes. Entre elas, estão espadas, armaduras, miniaturas, canhões, chaves, relógios e armas modernas automáticas. Para a esposa, ele construiu a Igreja de Nossa Senhora das Graças em estilo gótico.

Notas de pesar
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), disse que a morte de Ricardo Brennand “deixa uma lacuna irreparável na história de Pernambuco, não apenas pelo seu espírito empreendedor, sempre preocupado com o desenvolvimento econômico do nosso estado, mas também no âmbito social e cultural”. “Neste momento de profundo pesar, quero externar minha solidariedade a sua esposa D. Graça, aos seus filhos e demais familiares e amigos”, afirmou em nota.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), decretou luto de três dias pela morte de Ricardo Brennand e lembrou que, em 2017, o empresário recebeu a Medalha do Mérito Capibaribe, a mais alta honraria concedida pela prefeitura da capital pernambucana.

“Ricardo Brennand foi um empreendedor de grande sucesso, um colecionador incomparável e um ser humano admirável. Pessoa amável, atenciosa e muito querida. Fará muita falta. […] Um homem de gestos largos com as pessoas e com a cidade. Minha solidariedade à família e aos amigos”, declarou o prefeito em nota.

O prefeito de Olinda, Professor Lupércio (SD), também lamentou o falecimento de Ricardo, que “fez história no ramo empresarial, contribuindo para o desenvolvimento da nossa região”. Na nota de pesar, ele disse que “o instituto, fundado por ele e que leva seu nome, é outro legado histórico e cultural, reunindo importantes obras e documentos que registram a formação do Brasil” e que “nesse momento de tristeza e dor, pede a Deus que conforte corações de familiares e amigos”.

Também em nota, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PR), afirmou que Ricardo Brennand “deixa um grande e importante legado nas áreas da cultura e economia” e prestou “sentimentos à família, amigos e admiradores”.

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