Padre que ficou desaparecido na PB forjou sequestro porque estava sendo extorquido, diz delegado

O padre José Gilmar Moreira, que passou três dias desaparecido no Litoral Sul da Paraíba, forjou um sequestro e o pedido de socorro porque estava sendo extorquido, segundo o superintendente da Polícia Civil, Luciano Soares, nesta segunda-feira (26), porque es

O religioso foi encontrado na sexta-feira (16), em Jacumã, no Conde. Ele estava debilitado e com sinais de desidratação, mas consciente e sem sinais de que tenha sofrido violência.

As novas informações foram repassadas pelo próprio padre, em depoimento, segundo o delegado. Ele vai ser indiciado por falsa comunicação de crime. O caso da extorsão, na qual eram pedidos R$ 50 mil ao religioso, deve seguir em investigação pela Delegacia de Roubos e Furtos. Por isso, as razões pelas quais ele estaria sendo extorquido ainda não foram divulgadas.

Relembre o caso
Responsável pela paróquia de Santa Teresinha, no Alto Róger, em João Pessoa, o padre Gilmar desapareceu por volta das 11h30 de terça-feira (13), quando ia para um velório.

Em novo depoimento, o padre explicou que estava sendo extorquido e não queria usar o dinheiro ao qual ele tinha acesso na igreja para fazer o pagamento. Com medo de que algo acontecesse com ele, o padre não recorreu à polícia. O prazo para o pagamento dos R$ 50 mil seria às 14h do dia 13 de outubro e, antes do horário, ele decidiu dirigir em direção ao Litoral Sul e tentar se afogar na praia de Coqueirinho. No local, ele mandou a mensagem de socorro.

“Ele deixa claro que mandou aquela mensagem quando já se encontrava no Litoral Sul e queria que todos imaginassem que ele estaria sendo vitima. Foi forjado. Já foi premeditado. Ele mandou para um religioso que raramente tem acesso ao celular, dada as atribuições que tem no cotidiano. Então imaginava que ele teria um tempo até que essa mensagem fosse visualizada. Ele poderia dar cabo à vida e apresentar um cenário como se tivesse sido sequestrado de fato e assassinado”, explicou.

Segundo o delegado, José Gilmar foi ao mar várias vezes e as ondas o jogaram na areia. “Ele entendeu como sendo um sinal de Deus para que ele não fizesse aquele gesto extremo. Depois disso, ele permaneceu no carro por dois dias orando”.

Primeiro depoimento
Assim que foi encontrado, o padre relatou aos policiais que foi confundido com um motorista de aplicativo e levado um cativeiro em área de mata fechada, onde foi amarrado e recebeu ameaças para transferir dinheiro aos criminosos.

O padre Gilmar foi encontrado um pouco desorientado caminhando às margens de uma estrada perto de Jacumã. Ele foi reconhecido por Agenor Lima Rocha, amigo da vítima que acompanhava a polícia.

“A gente passou por ele, eu e um um agente da Polícia Civil, e ele não deu sinal pra gente. Ele só foi localizado porque em outra viatura havia uma pessoa que trabalhava com ele na paróquia e o reconheceu”, contou o delegado.

Agenor relatou que o padre o abraçou e chorou ao ser encontrado.

“A gente tinha muita dúvida do que tinha acontecido. A polícia ficou o tempo todo ao nosso lado, o tempo todo nos auxiliando, pra ver se a gente conseguia alguma notícia, e graças a Deus foi a melhor possível”, acrescentou.
Após ser resgatado, o padre foi levado para a Central de Polícia, em João Pessoa, onde prestou esclarecimentos e recebeu atendimento médico.

Em nota, a Arquidiocese da Paraíba informou que o padre está sendo acompanhado pelo setor jurídico da Arquidiocese e por pessoas próximas ao sacerdote.

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