“O desafio está posto. E não é pequeno”, alerta Cássio

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB) afirmou nesta quarta-feira (11), ao anunciar voto favorável à abertura do processo de impeachment, que a presidente Dilma Rousseff cometeu, sim, crime de responsabilidade. Segundo o senador, a presidente atentou contra a Constituição Federal e contra os artigos 10 e 11 da Lei 1.079.

“A presidente promoveu a maior fraude fiscal já vista no nosso país. E cada vez mais as pessoas começam a associar esta, que é a mais grave e profunda crise do nosso país, com os delitos por ela praticados. Está cada vez mais nítido para a população que foram os crimes de responsabilidade, que foi a irresponsabilidade da presidente, que empurrou o Brasil para a gravidade do quadro atual. São 11 milhões de desempregados, inflação que começa a dar sinais de controle a um custo altíssimo para a economia, juros na estratosfera, retração econômica, comércio cerrando as portas”, afirmou.

Imprensa livre

Cássio disse que foi a imprensa livre que mostrou ao povo brasileiro o que estava acontecendo em todo o país.

“A imprensa livre do nosso país nos trouxe até aqui. Apesar das tentativas de cerceá-la, de silenciá-la, foi ela quem mostrou à nação inteira o que estava acontecendo, espontaneamente, nas ruas do Brasil, para que pudéssemos compreender esse instante. O começo desse capítulo importante da história do Brasil, infelizmente, foi escrito através de mentiras, porque foi esta a opção escolhida, de maneira deliberada, pela presidente Dilma Rousseff: mentir ao povo brasileiro, enganar a nossa gente, usar a boa-fé do povo, sobretudo humilde, deste país, para que pudesse ganhar a eleição a todo preço, a todo custo, fazendo o diabo, se fosse preciso, na expressão da própria presidente Dilma. Nós sabemos, a vida nos ensina que, nas relações pessoais, nas relações públicas sobretudo, a mentira tem um preço, e o preço é alto”.

Legitimidade

Cássio destacou ainda que o vice-presidente Michel Temer tem legitimidade para assumir a Presidência da República, uma vez que recebeu os mesmos 54 milhões de votos da presidente. O senador ressaltou que, no dia da votação, a foto do candidato a vice aparece na urna eletrônica junto com a foto do candidato majoritário, exatamente para que o eleitor saiba quem é o vice que está escolhendo e que pode vir a assumir o mandato.

“Mas não adianta mais ficarmos discutindo o mandato desastroso da presidente, que termina hoje sem sequer ter começado. O que está havendo hoje no Brasil é muito grave, mas não podemos nos iludir que, a partir desse instante, se encerra um ciclo. Ao contrário, estamos apenas no começo. No começo de um caminho que será árduo, difícil, complexo, duro, e que exige grandeza, patriotismo e amor pelo Brasil”, destacou.

Governo de salvação nacional

“Nós, do PSDB, teremos a responsabilidade que sempre tivemos com este país, para contribuir com esse momento grave da vida nacional, oferecendo a nossa ajuda para que se forme um governo de salvação nacional. Essa é a expressão correta, sem exagero, nem tom dramático. Salvar o país do atoleiro, socorrer e resgatar o Brasil do abismo para o qual ele foi empurrado, mas também não podemos nos enganar achando que as panelas serão guardadas, que a população voltará para casa, porque esse ciclo terminou. Será um ledo engano. As panelas voltarão a ser usadas, se não tivermos a exata dimensão da transformação que a sociedade exige. Não há mais como fazer política nas bases do passado. Não há mais como construir coalizão de governo no toma-lá-dá-cá no balcão de negócios. E a primeira exigência que o PSDB fez, no documento apresentado ao vice-presidente da República, é que nós possamos cortar ministérios, reduzir drasticamente o número de cargos comissionados, diminuir o tamanho deste Estado pesado, perdulário, incapaz de servir com um mínimo de qualidade a população e introduzir meritocracia, qualidade de gestão e, ao mesmo tempo, promover produtividade, competitividade para a nossa economia, para que nós tenhamos uma sequência de recuperação de investimento, retomada do desenvolvimento e geração de empregos. É esse o desafio que está posto, e não é um desafio pequeno, mas que exigirá de todos nós compromisso, porque estamos diante de uma tarefa que não deve ser entregue a um só homem, mas uma missão que deve ser depositada para toda a sociedade. E aqueles que amam de verdade o Brasil, que têm compromisso com este país, haverão de compreender a importância deste instante”, disse Cássio Cunha Lima.

Força do povo
Cássio finalizou seu discurso reafirmando a importância do povo para construir uma República de novo.

“É isso que conclamamos, pelo amor que possamos ter à nossa Pátria, pelo amor que temos ao Brasil, que, através do diálogo, num ambiente de paz, nós possamos construir um novo tempo, um novo tempo que virá com a força do povo, uma República de novo. Uma República com os seus valores de ausência de segredos, com lisura, com decência, com dignidade, com oportunidades iguais, com respeito à lei, com transparência, para que esse novo tempo surja, apesar das dificuldades, e, novamente, nós possamos olhar para o amanhã do Brasil com esperança”.

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