EM JUAZEIRINHO: Incêndio criminoso do Empório da Espiga completa 67 anos

Há 67 anos, houve o registro de um incêndio de grandes proporções, na Avenida principal da cidade de Juazeirinho.

Era madrugada, a população foi despertada pelas explosões de fogos de artifícios (foguetões).

O estabelecimento comercial de nome “EMPÓRIO DA ESPIGA”, de propriedade do Sr. Manoel Vital estava em chamas. Toda a cidade estava alerta, testemunhando aquele drama. Eu e meu pai caminhamos até o local e fomos surpreendidos com aquele quadro dantesco. Já naquela hora só restava os destroços, até o teto havia desabado.

Os amigos voluntários se despuseram a carregar água em latas de vinte litros, um entregando ao outro e jogando nas chamas.

Era um vai-e-vem de pessoas retirando água de uma cisterna que existia nos fundos do terreno da Loja.

E o pessoal fez o papel dos bombeiros, ficavam em cima de um telhado existente as paredes do prédio em chamas.

No interior costuma-se construir este tipo de reservatório para apanhar água das chuvas que são canalizadas em calhas ou bicas e desta maneira o líquido precioso serve para atender as necessidades.

Com a solidariedade do povo, naquele esforço tremendo, o fogo foi debelado e com a ajuda de Deus, nenhuma vítima e o fogo não se propagaram para as casas vizinhas.

De um lado o HOTEL PEREIRA do Sr. Francisco Máximo, do outro a CASA SANTA TEREZINHA de José Vital Guedes, seu filho, que tinha uma bomba de gasolina removível e comerciava com peças de automóveis. Não muito longe do sinistro, havia bomba de gasolina de José Pascoal.

O perigo era iminente, a preocupação da população era a propagação do fogo que poderia ter provocado prejuízos incalculáveis.

O estabelecimento era um empório comercial com tecidos, miudezas, ferragens, louças, perfumaria, sapatos, artigos de papelaria, FOGOS DE ARTIFÍCIOS entre outros, tornando-se materiais de fácil combustão em poucas horas.

O dia amanheceu nada mais restava a fazer, a não serem as providências de reerguer o que fora destruído. Não havia qualquer dúvida que o incêndio fora criminoso.

Houve um roubo, levando toda a mercadoria e ateando fogo no que restou para figurar um circuito elétrico ou coisa que o valha. Não se tem ideia do valor do prejuízo.

O Sr. NECO como era conhecido na cidade havia chegado de Campina Grande onde pagou todas as suas dívidas e comprou tecidos em grande quantidade, que nem chegou a colocá-las nas prateleiras, ficando embalado em fardos para conferência no dia seguinte, o que não aconteceu.

As firmas comerciais de Campina Grande tomando conhecimento dos fatos mandaram seus viajantes a Juazeirinho para oferecer seus préstimos aos Sr. Manoel Vital e com aquele gesto levantar a moral e tocar a vida, oferecendo-lhe o crédito e as condições para uma nova etapa.

Foi construído um novo prédio, isto com ajuda do filho José Vital Guedes (sinhosinho) como era mais conhecido, foi montada uma moderna estrutura, como balcão, prateleiras e vitrines, dando uma visão mais moderna.

Com isso, recomeçar a vida, depois de mais de 40 anos de luta, tudo foi pelos ares. É como diz o ditado: Vão os anéis, fiquem os dedos, apesar da idade do Sr. Neco Vital, ele não perdeu a calma e falava assim: isto é da vida. Vale salientar que o Sr. Manoel Vital, quando ainda na mocidade, deslocou-se da região do Brejo, Esperança, nas proximidades de Areia e Foi para a região do Cariri, onde fica Juazeirinho e lá foi que começou a sua luta até chegar a se estabelecer no comércio local que prosperou.

Foi um dos fundadores da Vila denominada Juazeiro sob o domínio de Soledade.

Casou-se Com a Sra. Idalina Guedes Bezerra que deste enlace tiveram cinco filhos. JOSÉ, JOÃO, IAIÁ, LOURDES e ALICE (todos já falecidos). Ficando viúvo, casou-se pela segunda vez com a Sra.Inácia da Costa lima que tiveram sete filhos, GERALDO – TEREZINHA – IVONE- IRENE- DIANA CÉLIA E ANTONIETA todos ainda vivos.

Seu Manoel Vital era pessoa muito querida na cidade, entusiasta, batalhador pelas causas justas, deixou muitos amigos e muitas saudades.

Era religioso por excelência, e costumava ser o leiloeiro nas festas do padroeiro da cidade (S.JOSÉ) e fazia o pregão dos objetos doados à igreja com renda para a paróquia.

Assim foi a sua vida, a sua luta, faleceu em dezembro de 1959.

Por Geraldo Vital

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