DEU NO BOIGA DO TIÃO, AGORA .COM: A cueca do magistrado

O austero magistrado Francisco Toledo de Menezes construiu sua ilibada reputação em cima de ensinamentos onde a moral e os bons costumes eram a tônica. Homem de pouca vida social, mantinha, há mais de 22 anos, aquela rotina de trabalhar, trabalhar muito e descansar no fim do dia. O caminho diário era um só: saía de casa pelas oito horas depois do café com ovos de capoeira preparado pela dedicada Nancy, ia ao Forum, despachava processos, fazia audiências, aconselhava casais em vias de separação, desmanchava brigas de fazendeiros, distribuía justiça e por isso era querido e respeitado.

Não tinha vida social. Quando muito ia à missa nas manhãs de domingo, para comungar e agradecer ao santíssimo por mais uma semana de labuta, ao mesmo tempo em que pedia forças para enfrentar a semana seguinte.

Ele e Nancy, sozinhos naquela casa enorme, os meninos na Capital estudando, em casa, depois do jantar, pés no chinelo, cachimbo na boca e mais processos para ler, interpretar e resolver.

Nancy gostava de vê-lo assim, naquela integridade de juiz justo, que não cedia às pressões e não aceitava os modernismo que já começavam a surgir na pacata e quase esquecida Tuparetama, sertão perdido de Pernambuco.

No trabalho, contava com a eficiente assessoria de Jaidete, viúva de boas prendas e largas curvas, que mesmo tendo enviuvado nova, com o fogo da juventude a lhe queimar os interiores, jamais quís casar de novo. Dedicava-se só ao trabalho e ao doutor Francisco Toledo, seu chefe, o maior e melhor chefe que já conhecera.

Naquele fim de tarde, o douto magistrado Francisco Toledo de Menezes chegou em casa, como sempre, pelas cinco e meia da tarde. Entrou no quarto, despiu o paletó, arrancou a gravata, tirou a camisa, desceu as calças e procurava o pijama, quando escutou o grito alarmado e indagativo de dona Nancy:

Francisco Toledo, onde está sua cueca?!

Flagrado e sem jeito de inventar melhor explicação, o douto julgador exclamou para uma incrédula e espantada Nancy:

-Mulher, pois não é quem nem o juiz escapa da violência!Assaltaram a minha cueca!

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