O Discurso e o tempo

O termo discurso admite muitos significados. O mais conhecido deles é do discurso como uma exposição metódica sobre certo assunto. Um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do ouvinte ou leitor.

Já o tempo, segundo o dicionário, é a duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo no qual os eventos se sucedem.
E ainda é um determinado período considerado em relação aos acontecimentos nele ocorridos; época.

A partir dessas definições poderíamos compreender a importância do discurso, principalmente o discurso político, como sendo algo absolutamente verdadeiro, certeiro, mas infelizmente essa situação não se concretiza. Engraçado é que quem confirma se o discurso é verdadeiro é o tempo.

Nos parece oportuno trazer neste momento alguns discursos veiculados nestes últimos quatro anos e que chamam atenção como foram construídos, qual era a finalidade, uma vez que não passaram de “mentiras” repetidas.

Vejam algumas narrativas:

2016 – se não aprovarem a PEC do teto de gastos, o Brasil quebra;
2017 – se não aprovarem a reforma trabalhista, o Brasil quebra;
2018 – votem em Bolsonaro, pois se a esquerda voltar, o Brasil quebra;
2019 – se não aprovar a reforma da previdência, o Brasil quebra;
2020 – vamos acabar com o auxílio emergencial se não o Brasil quebra;
2021 – “o Brasil está quebrado e eu não posso fazer nada”.

Percebam como o tempo contribui significamente com a história. Ele é implacável e quando prestamos atenção podemos construir aquilo que mais necessitamos a nossa verdade.

As narrativas políticas construídas para o Brasil são portanto destrutivas. Elas não deixam nenhuma dúvida dessa política de desmantelamento do nosso país. Estamos recebendo diariamente uma avalanche de informação que em sua maioria é apenas enganação, nada além disso.

O discurso é perverso, intencional e colocado implicitamente para dificultar a compreensão de parte da maioria da população que carece de mais conhecimento para compreender a situação. Desta forma assuntos importantes para a sociedade ficam escondidos e somente o tempo mais tarde vai mostrar.

Com a pandemia quantos discursos foram construídos e desmentidos. É difícil construir legitimidade quando os próprios governantes usam a prática do negacionismo. Negam a ciência, negam o conhecimento, a pesquisa e dificultam ações afirmativas que ajudam ou diminuem o sofrimento da população.

E se o país está quebrado esta declaração destoa de posições apresentadas publicamente pela equipe econômica do próprio governo, que tem dito que a atividade econômica do país está em plena recuperação. Diante dessas declarações qual seria o discurso verdadeiro?

Os dois certamente são falácias. Nenhum dos dois merece crédito. Assim como o próprio governo e sua equipe econômica que surfam na onda da narrativa futurista e ainda criticam a mídia por afirmar que o governo não tem projeto.

(Me. Ivan Alexandrino)

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